Em Chicago fazia uma noite sem lua e, para a Deanna, o momento tinha todas as características de Solo ante o perigo. Resultava-lhe fácil identificar-se com o digno, sereno e resolvido Gary Cooper, enquanto se preparava para enfrentar-se ao pistoleiro ardiloso que voltava para vingar-se.
Mas, maldita seja, pensou Deanna, Chicago era sua cidade. Angela era a intrusa.
Deanna supôs que era típico do gosto pelo dramático da Angela, que exigisse uma confrontação no mesmo estudo onde as duas tinham subido pela escorregadia escada da ambição. Mas agora era o estudo da Deanna, e era seu programa o que se levava a parte do leão dos índices de audiência. Não havia nada que Angela pudesse fazer para modificar isso, salvo conjurar ao Elvis da tumba e lhe pedir que cantasse Heartbreak Hotel ao público que presenciava a emissão do programa.
Ao pensar nessa imagem, Deanna esboçou um leve sorriso. Angela era uma rival poderosa. Ao longo dos anos tinha empregado recursos truculentos para manter seu programa cotidiano aos mais altos níveis de popularidade.
Mas o que Angela se trazia na manga não teria êxito: subestimava a Deanna Reynolds. Angela podia cochichar secretos e ameaçar com escândalos, mas nada do que dissesse trocaria os planos da Deanna.
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